Wednesday, January 18, 2006
Uma historia que vale a pena ler, sobre Darci e Dida, duas participantes do movimento dos sem terra.
Darci tinha acabado de chegar de Lençóis Paulista, acompanhando o marido desempregado e puxando quatro filhos pela mão. Dida já estava acampada havia dois anos. As experiências delas na área afetiva eram completamente diferentes. Dida reconheceu seu desejo por pessoas do mesmo sexo quando tinha apenas doze anos (“se a gente brincava de casinha, eu queria ser o pai”) e insistiu nele, apesar das surras da mãe, evangélica da Assembléia de Deus, e das gozações do irmão mais velho, que a chamava sarcasticamente de João. Mas Darci, que casou aos 16 anos com o primeiro namorado firme que teve na vida, jamais tinha pensado na possibilidade de se relacionar com outra mulher: “Nunca tinha mexido com esse bicho. Mas quando a Dida deu em cima de mim e eu experimentei o carinho de mulher...”
Um ano depois de se conhecerem, Darci decidiu abandonar o marido para viver com Dida. A notícia desabou sobre o acampamento como um terremoto. “Teve uma revolta aqui”, ela conta. Não aceitaram. Pensei até que ia ser expulsa. Meu ex-marido me ameaçou, os amigos dele não falaram mais comigo e chegou uma hora que pensei: é só eu, a Dida e Deus. Contra o mundo.”
Dida recorda que o ex-marido da companheira ficou tão furioso que ameaçou cortar a cabeça de Darci e pendurar na cerca, para servir de exemplo. “Acho que a raiva não seria tão grande se ela tivesse ficado com outro homem.”
Foram necessárias reuniões de emergência para conter os sem-terra e acalmar o marido, que não cometeu nenhuma violência física, mas foi à Justiça e obteve a guarda dos quatro filhos. Hoje, passados quatro anos de união, a situação é diferente. As duas mulheres conseguiram o respeito e a admiração dos sem-terra. Dida foi eleita coordenadora do grupo de oito famílias que estão assentadas na área onde elas vivem e quando alguém a chama de João não se incomoda: o apelido virou uma forma carinhosa de tratamento. Por outro lado, o Incra encontrou uma forma legal de fornecer o almejado papel com a dupla assinatura e abriu-lhes a porta para um pequeno pedaço na história das conquistas homossexuais. Lea Mais em No Minímo
Darci tinha acabado de chegar de Lençóis Paulista, acompanhando o marido desempregado e puxando quatro filhos pela mão. Dida já estava acampada havia dois anos. As experiências delas na área afetiva eram completamente diferentes. Dida reconheceu seu desejo por pessoas do mesmo sexo quando tinha apenas doze anos (“se a gente brincava de casinha, eu queria ser o pai”) e insistiu nele, apesar das surras da mãe, evangélica da Assembléia de Deus, e das gozações do irmão mais velho, que a chamava sarcasticamente de João. Mas Darci, que casou aos 16 anos com o primeiro namorado firme que teve na vida, jamais tinha pensado na possibilidade de se relacionar com outra mulher: “Nunca tinha mexido com esse bicho. Mas quando a Dida deu em cima de mim e eu experimentei o carinho de mulher...”
Um ano depois de se conhecerem, Darci decidiu abandonar o marido para viver com Dida. A notícia desabou sobre o acampamento como um terremoto. “Teve uma revolta aqui”, ela conta. Não aceitaram. Pensei até que ia ser expulsa. Meu ex-marido me ameaçou, os amigos dele não falaram mais comigo e chegou uma hora que pensei: é só eu, a Dida e Deus. Contra o mundo.”
Dida recorda que o ex-marido da companheira ficou tão furioso que ameaçou cortar a cabeça de Darci e pendurar na cerca, para servir de exemplo. “Acho que a raiva não seria tão grande se ela tivesse ficado com outro homem.”
Foram necessárias reuniões de emergência para conter os sem-terra e acalmar o marido, que não cometeu nenhuma violência física, mas foi à Justiça e obteve a guarda dos quatro filhos. Hoje, passados quatro anos de união, a situação é diferente. As duas mulheres conseguiram o respeito e a admiração dos sem-terra. Dida foi eleita coordenadora do grupo de oito famílias que estão assentadas na área onde elas vivem e quando alguém a chama de João não se incomoda: o apelido virou uma forma carinhosa de tratamento. Por outro lado, o Incra encontrou uma forma legal de fornecer o almejado papel com a dupla assinatura e abriu-lhes a porta para um pequeno pedaço na história das conquistas homossexuais. Lea Mais em No Minímo